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O Café com o Brumado Agora entrevista Djalma da Silveira Torres

O Café com o Brumado Agora entrevista Djalma da Silveira Torres

Nascido em 12 de agosto de 1926, na cidade de Condeúba, o brumadense de coração Djalma da Silveira Torres, desde muito cedo, trabalhou de forma árdua para conquistar todos os seus sonhos e conquistar a prosperidade e o sustento da sua família. Filho de José da Silveira Torres e Ana Amélia da Silva Torres, o caçula dos sete irmãos casou-se com Ana Machado Torres, em 8 de maio de 1947, com a qual constituiu família e teve os filhos: Neuza, Gláucia, José Carlos, Djalma Filho, Ana Maria, Rita de Cássia, Bernadete e Sara (In Memoriam), que lhes deram os netos : Mateus, Willian, Pedro, Thiago, Lucas, Ciro, Shirley, Poliana (In Memoriam), Davi, Saulo, João Filho, Lara, Fernanda e Márcio. O entrevistado de hoje do Café com o Brumado Agora tem ainda a alegria de acompanhar o desenvolvimento dos bisnetos: Bianca, Júlia, José Augusto. Rafaela e Manoela. Conheça a história deste grande homem que nos contou sua história, em sua casa, localizada no centro de Brumado. Confira.

 

 

Café com o Brumado Agora – Conte-nos um pouco da vida do senhor antes de vir para Brumado.

 

Djalma Torres – Nasci em Condeúba, e com mais ou menos 4 anos de idade fui com minha família para Vitória da Conquista, onde estudei na Escola Municipal Padre Palmeira. Quando retornei,  ainda muito jovem, com aproximadamente 14 anos, fui morar com meu irmão Euflávio, em Contendas do Sincorá, onde passei a tomar conta de uma padaria. De lá viemos acompanhando a construção da estrada de ferro até Umburanas, onde nos instalamos, deixamos a padaria, e montamos uma firma de consignação (Transportadora)  chamada  O. S Torres e Cia. Naquele período, acompanhamos ainda, a construção da ponte que liga Ourives a Brumado. Trabalhamos em Umburanas por cerca de 3 anos.

 

Café com o Brumado Agora – Por volta de 1945, o senhor passou a residir em Brumado. Conte-nos um pouco sobre sua vinda.

 

Djalma TorresContinuamos a acompanhar o curso da construção da linha férrea, pois ela era importante para o escoamento dos produtos da transportadora. Então, passamos a morar em Brumado, e seguimos com o trabalho na construtora.  Daqui distribuíamos os produtos para Caetité, Guanambi e demais regiões, pois a linha férrea se encerrava aqui. Trabalhei com a transportadora por mais dois anos e decidi montar uma padaria, que se chamou Santa Rita. Comecei timidamente e depois de um tempo consegui firmar a padaria. Fornecíamos pão para a Empresa Magnesita, e fomos os primeiros a vender biscoito a atacado, distribuíamos para vários locais. Havia também um pão muito famoso em nossa padaria, o chamado  ‘Pão Fatia’, muito pedido por nossos clientes. Depois de um tempo, deixei a padaria e montei a Casa Santa Rita, onde vendíamos de tudo um pouco: desde louças, ferragens, materiais para construção, televisão, inclusive, fomos os primeiros a vender televisão em Brumado. Lembro que vinha até um promotor de Caculé para assistir os jogos aqui. Neste período também construí minha casa, na qual moro até hoje, e fui o primeiro a ter em casa um quarto com banheiro (suíte). As pessoas achavam esquisito e perguntavam como é que eu tinha um banheiro dentro do quarto, se não cheirava mal (risos).

 

 

Café com o Brumado Agora - Quando a Casa Santa Rita se tornou Lojão Santa Rita?

 

Djalma Torres - Por volta de 1965. Passamos então a trabalhar, dentre outros artigos, com material de luxo como louças importadas, italianas por exemplo, jogos de copa e mesa, faqueiros  de luxo, etc. Além disso, fomos os primeiros do comércio a ter na estrutura da loja, portas de ferro, aquela com fechamento de enrolar , e lâmpadas florescentes . Eu trazia estes materiais de São Paulo e viajava 3 vezes ao ano para comprar produtos e todas as novidades que surgiam no mercado nacional e internacional.

 

Café com o Brumado Agora – Quais foram as principais dificuldades deste período?

 

Djalma Torres - Sofri e batalhei muito para chegar onde estou agora. Quando iniciei meus trabalhos na transportadora, eu ainda realizava a função de carregador: pegava todo o material que chegava no trem e colocava nos depósitos. Logo quando montei a padaria aqui em Brumado, eu não tinha dinheiro para comprá-la a vista, comprei a prazo e trabalhei muito para pagar em dia todos os vencimentos. No início da padaria, não tinha como pagar um padeiro e eu mesmo fazia os pães e os biscoitos, até conseguir pagar um ajudante e depois um padeiro. Lembro também que acordava de madrugada e, com lampião na mão, porque na época não tinha luz elétrica, saia de casa e ia para a padaria para ver se a massa do pão estava no ponto. Já na Casa e depois no Lojão Santa Rita, eu saia de casa às 5 horas e só retornava lá para 23 horas, sempre trabalhei muito.

 

 

Café com o Brumado Agora – Como era a vida social do senhor?

 

Djalma TorresTinha muitos amigos. Fui sócio-fundador do Clube Social de Brumado, participava, com alguns amigos daqui, da Maçonaria Cavaleiros do Oriente, sediada em Vitória da Conquista, para onde eu ia uma vez por semana, pois aqui em Brumado ainda não havia maçonaria. Ia muito a noites dançantes, aos carnavais que eram muito bons, promovia as festas de aniversário dos meus filhos, sempre fui muito ativo e a Brumado da época proporcionava muitas coisas boas. Lembro com muito carinho da companhia dos meus amigos Sebastião Meira Santos (Seu Santos),Gilson Brito, Ronaldo Leite, Odlon Santos, Guilherme Rizério Leite, Dedé Coqueiro, Liah Cardoso. Edith Leite, Menininha, Robson Vera e Vera, Terezinha Meira, Maria Inês Viana Leite, entre outros.

 

Café com o Brumado Agora – O senhor encerrou as atividades no comércio  em 2007. O que passou a fazer ?

 

Djalma Torres - Passei a cuidar mais de mim e da minha família e iniciei minha vida de turista  junto com a minha esposa (risos). Viajei pela Europa, fui à Argentina, Fernando de Noronha, participei de Cruzeiros, passei a ler mais e me exercitar.  Até hoje frequento a academia, na minha idade, claro, acompanhado de um personal (risos), no ritmo que minha idade permite. Hoje também faço parte do Clube da Terceira Idade, danço muito e me divirto.

 

Café com o Brumado Agora – Houve alguma situação engraçada que o senhor gostaria de contar?

 

Djalma Torres - Sim, tenho. Em uma viagem que fiz com minha esposa a Berlin, o grupo saiu do hotel primeiro, com o interprete, e nós ficamos para trás. Então fomos almoçar e, ao chegar ao restaurante, não entendíamos o que estava escrito no cardápio. Vi um garçom passar com um prato de macarronada e apontei para a garçonete informando que era aquilo que eu queria. Ela entendeu, mas como faria para dizer o que eu queria como acompanhamento? Foi aí que tive uma ideia: imitei um frango batendo as asas e cacarejei, foi assim que a garçonete entendeu que eu queria um frango (risos). Todos em volta começaram a rir e todo dia quando eu retornava ao restaurante era reconhecido pelos funcionários (risos).Outro momento feliz foi quando conheci minha esposa. Ela estava vendendo flores em uma Festa de São Cistóvão e , para galanteá-la, comprei uma flor com o único dinheiro que tinha no bolso e ganhei seu coração. Como eu ainda morava em Umburanos nesta época, eu vinha visitá-la aos domingos, de carona em um Troeller.

 

 

Café com o Brumado Agora - E uma tristeza?

 

Djalma Torres – Sem dúvidas o acidente que vitimou minha filha Sara, meu genro José Augusto e minha neta Poliana, em 1989, foi um acidente automobilístico. Eles retornavam de Belo Horizonte, quando um motorista alcoolizado invadiu a contramão e bateu no carro em que eles estavam. Fica a lição a aqueles que bebem antes de dirigir, que além da vida deles mesmos, podem colocar em risco a de outras pessoas.

 

Café com o Brumado Agora – Qual mensagem o senhor gostaria de deixar ao fim desta entrevista?

 

Djalma Torres - Uma mensagem de paz a todos os brumadenses. Quero dizer que é a terra da esperança e, como a nova administração, esta esperança está sendo renovada, a cidade está linda, costumo dizer que o prefeito está ‘mobilhando a casa’. Amo Brumado, desejo que a cidade melhore ainda mais, e que todos sejam felizes da mesma maneira que minha família e eu.

 

Fotos: Wilker Porto, Produção: Genival Moura e Reportagem: Janine Andrade.


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