Agora Sudoeste

O Café com o Brumado Agora entrevista Nely Silveira Amorim



Nascida em 21 agosto de 1933, Nely Silveira Amorim é a imagem da mulher guerreira e determinada, que lutou para constituir sua família e nunca desistiu diante das dificuldades. A entrevistada de hoje do Café com o Brumado Agora nasceu na Fazenda Patos, em Aracatu, e em 23 de julho de 1951 casou com Antenor Amorim, com o qual teve os filhos: Iomário, Luiz Carlos, Lindaura, Ilderfonso, Idenor, Sebastião, Zônia Maria e Vandick, que constituíram família e lhes deram os netos: Thiago, Thales, Diogo, Bianca, Manuella, Matheus, Thaís, Carol, Gustavo, Ana Ester, Iasmim, Vitória, Elisa, Jaqueline, Geovana, Lucas, João Gabriel e Maria Letícia. Toda a história  desta heroína será contada hoje, em uma entrevista leve e descontraída que aconteceu nas dependências de sua residência.


 


Café com o Brumado Agora – Conte-nos um pouco sobre o início da vida da senhora


Nely Amorim Nasci na Fazenda Patos, que pertence a cidade de Aracatu. Com a seca de 1939, me mudei com meus pais para uma fazenda próxima a cidade de Encruzilhada. Infelizmente, quando completei 11 anos de idade, minha mãe faleceu. Foi um período muito difícil, mas a partir daí, comecei a conhecer a vida e cresci com isso. Como eu era a única mulher da família, passei a cuidar dos meus irmãos e do meu pai. Eu cozinhava, lavava, passava, costurava, naquela época era em uma máquina de mão, ou seja, tinha muitas responsabilidades. Com 17 anos me casei e tive meu primeiro filho com 19 anos. Então, minha família cresceu ainda mais, agora eu cuidava não só dos meus irmãos e do meu pai, mas também do meu esposo e filhos. Tive dez filhos, dois deles morreram ainda pequenos. Imagine quanta gente junta. Lembro-me de um período, que as crianças tiveram sarampo todas de uma vez. Foi uma trabalheira só cuidar de tantos adoentados e dar conta dos afazeres domésticos.


Café com o Brumado Agora - Quando a senhora passou a morar em Brumado?


Nely Amorim  – Em 1971. Um período depois de ter me casado, mudei para a cidade de Maiquinique. Passamos oito anos naquela cidade. Tivemos problemas financeiros, então meu irmão João Gouberto, que já estava estabelecido aqui, nos convidou a vir para Brumado. Aceitei, inclusive, meu pai e demais irmãos também vieram. Com um ano e oito meses já estabelecidos aqui, meu esposo ficou doente e precisou ir para São Paulo para se tratar. Naquela época a comunicação era muito difícil, para saber notícias dele era apenas por carta. Como meu filho Luiz Carlos morava em Vitória da Conquista, e lá era o lugar mais próximo que tinha telefone, ficávamos sabendo de notícias do meu esposo, através dele, que vinha de Conquista, lembrando que eram quatro horas ou mais de lá até aqui, porque a estrada não era pavimentada, inclusive, sabemos da morte dele, através do meu filho. Meu esposo morreu com 43 anos, tínhamos 22 anos de casados.




Café com o Brumado Agora – Quais atividades a senhora desenvolveu aqui na cidade?


Nely AmorimEu era a tradicional dona de casa.  Cuidei de tudo por muito tempo e nunca me deixei abalar com as dificuldades. Sempre fui determinada e o meu foco era dar suporte aos meus filhos, transformá-los em pessoas de bem e garantir que eles estudassem e crescessem na vida. Com isso passei a me dedicar a um barzinho que foi construído aqui na esquina da Praça Coronel Zeca Leite (Praça da Prefeitura). Naquele período, não existia nem sombra do que vocês conhecem hoje como praça, era um matagal. Este bar era minha distração e fonte de renda que me ajudou a criar os meus seis filhos, porque dois deles foram morar em Salvador. Conheci muitas pessoas nesta época, que passaram a ser clientes do bar e são amigos até hoje.


Café com o Brumado Agora – Quais as principais mudanças observadas pela senhora da Brumado de 1971, período que a senhora aqui se estabeleceu, para hoje?


Nely Amorim - Muitas. Principalmente pela facilidade de acesso a tudo hoje: saúde, educação, deslocamento. Naquele período tudo era mais difícil, Brumado cresceu, se desenvolveu, e vocês encontram tudo praticamente nas mãos. Nós precisávamos trabalhar muito para conseguir alguma coisa.




Café com o Brumado Agora – Quais foram as maiores alegrias da senhora?


Nely AmorimVer o desenvolvimento dos meus filhos. Fiquei muito feliz quando meu filho Mário se formou na Universidade Federal em Economia. Além dele, cada um dos meus filhos me deu muito orgulho e muitas alegrias nesta vida. Tive também uma emoção muito grande com a vinda do meu primeiro neto, o Thiago, e esta emoção se renovou com a chegada de cada um dos meus netos. E, enfim, conquistei o sonho da menina da zona rural, minha casa. Um lugar confortável, onde recebo minha família e sou tão rodeada de amor.


Café com o Brumado Agora - A senhora gostaria de deixar alguma mensagem?


Nely AmorimQuero desejar muita paz, saúde e ainda mais prosperidade para todos da minha família. Agradeço a Deus pela união da minha família, por ter todos aqui perto de mim, a cada dia me proporcionando muitas alegrias. Só tenho a agradecer por tudo que conquistei.



Fotos: Wilker Porto, Produção: Genival Moura e Reportagem: Janine Andrade.


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